Os Ciclos da Vida Consagrada

Toda vida tem seus “ciclos”, como a natureza: primavera, verão, outono e inverno. A Vida Consagrada, ao longo de sua longa história, passou e continua a passar por quatro “ciclos”, que poderíamos resumir didaticamente assim:

O primeiro ciclo da Vida Consagrada foi – e continua a ser – a vida monástica. Quem é que não ouviu falar da Regra de São Bento ou do Carmelo de Santa Teresa de Ávila? A nota mais característica deste tipo de Vida Consagrada é o predomínio da oração sobre a ação, da vida contemplativa sobre a vida apostólica. Historicamente culmina com a figura de São Bernardo, um monge contemplativo que se tornou a figura mais destacada do seu tempo. Este ciclo é o que deu mais místicos e místicas à Igreja, como Teresa de Ávila, João da Cruz, Hildegarda de Bingen, Matilde de Hackeborn, Gertrudes “a Grande”…

O segundo ciclo da Vida Consagrada floresceu na Baixa Idade Média, com São Domingos de Gusmão e com São Francisco de Assis. São os frades que saem dos claustros, para pregar o Evangelho ao povo e para testemunhar, com uma vida de pobreza e simplicidade evangélica, a alegria de ser filhos e filhas de Deus. O que caracteriza estas Ordens Mendicantes, assim chamadas porque originariamente viviam das esmolas que mendigavam, é o equilíbrio entre a contemplação e a ação. Santo Tomás de Aquino considerava a “vida mista” superior à vida contemplativa ou à vida ativa. Na História da Vida Consagrada, este ciclo se encerra com a figura de Santo Inácio de Loyola, a quem um discípulo descreveu como “contemplativo na ação”.

O terceiro ciclo abrange a maioria das Ordens e Congregações modernas, surgidas a partir do século XVI, para ajudarem a Igreja e a humanidade nos mais variados campos do apostolado: a saúde e o ensino, as missões estrangeiras e os migrantes, os pobres e as pessoas mais vulneráveis. Se tivéssemos que escolher uma só figura emblemática deste ciclo, citaríamos São Vicente de Paulo, fundador da Congregação da Missão e co-fundador das Filhas da Caridade. Neste ciclo, predomina a vida ativa sobre a vida contemplativa.

Finalmente, no nosso tempo, estamos presenciando a alvorada de um novo ciclo da Vida Consagrada: a Vida Consagrada Secular, formada pelos ramos seculares das antigas Ordens e Congregações religiosas, pelos Institutos Seculares, pelos Movimentos Apostólicos e pelas Novas Comunidades, que hoje experimentam um verdadeiro boom.

Pe. Luís González Quevedo, SJ

Compartilhar

LEIA MAIS

26 jul 2025

50 Anos do Congresso Fabra no Mosteiro de Itaici

06 out 2016

Mama Antula

A Beata MARIA ANTONIA DE PAZ Y FIGUEROA...
07 jul 2016

Antão, Pai e Modelo de Eremitas

A vida consagrada, como “forma...
09 jun 2016

São José de Anchieta (09/06)

Apesar de ter nascido na Ilha de Tenerife...
16 maio 2016

Os 3 Princípios da Vida Espiritual

Os jesuítas, quando pregam um Retiro espiritual...
10 mar 2016

Os Ciclos da Vida Consagrada

Toda vida tem seus “ciclos”, como a natureza...
10 mar 2016

O Ano da Vida Consagrada

O Ano da Vida Consagrada ajudou-nos a...
26 fev 2016

Um jardim… Uma Árvore… Um Poço

“Quem tiver sede venha a Mim e beba”...