Vila Kostka

FAZER LOGOUT DO ADMIN

Cartas de itaici


O Pecado Mortal Mata (EE 52-53)

A menininha em Serra Leoa, mais uma vítima da tristíssima, suja e esquecida guerra dos diamantes na Mãe África, olhou para os seus tocos de braços, cortados numa “tática” crudelíssima dos “rebeldes libertadores”, e perguntou à enfermeira: “Os meus braços vão crescer de novo?”.

A vaidade de ter um diamante, gerador de um valioso comércio, combinada com a competição sem escrúpulos pelas fontes produtoras e a ganância dos vendedores de armas — todo este pecado deságua em algo definitivo: os bracinhos amputados nunca irão crescer!

O pecado é mortal porque mata! O pai que matou o primeiro marido da sua mulher, já separada dele, e depois premeditou a execução dos seus dois filhos, a própria fuga e até o quadro de uma “desculpa”, causou um mal irrevogável: os dois filhinhos horrendamente assassinados, a mãe ferida no mais íntimo, as famílias num rodopio diabólico de processos, lembranças, mágoas…

Inácio sugere que deixemos a graça de Deus nos levar a perceber que o pecado não é algo que, como dizemos sem muita reflexão, ou para não termos de refletir, “Deus perdoa!”. O pecado mortal é assassino, cruel e causa males — humanamente — irreparáveis. Ele causa, desde já, o inferno! Ele tem algo de definitivo, irrevogável, irremediável. Como a indiferença do rico que se banqueteava opulentamente, mas que deixou morrer à míngua o pobre à sua porta (Lc 16,19-31)!

Esta parábola do Senhor Jesus é puro Evangelho. É boa-nova. É aviso sério e profundo para nós, cristãos, não pensarmos e falarmos com ligeireza do pecado. Ele é tremendo, trágico. Só não estamos no inferno por um só pecado mortal porque o próprio Divino Salvador bloqueia o caminho da perdição e da danação com os seus braços abertos na Cruz e a abertura do Seu Coração lanceado, imagem real do Seu amor até o fim!

E  X  E  R  C  Í  C  I  O  :
A malícia do pecado(EE 52-53)

Prevejo o lugar, a posição corporal, o tempo e o modo de orar. Aqui será a meditação. Acalmo-me e faço o meu exercício de pacificação. Situo-me no ponto proposto. Faço o que Inácio chama de “composição vendo o lugar”. Com os olhos da imaginação, procuro ver situações de cruel e desenfreada violência da nossa sociedade: frios assassinatos, assaltos, sequestros, marcados de malícia satânica… Faço a oração preparatória, “pedindo a graça a Deus nosso Senhor para que todas as minhas intenções, ações e operações sejam puramente ordenadas a serviço e louvor de sua divina Majestade” (EE 46). Então, peço o que quero aqui, diante deste quadro aterrorizante: aqui será a graça de sentir vergonha e confusão diante de mim mesmo(a), reconhecendo-me “pecador(a)”, que desfigurei em mim “a imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26).

Com ajuda de minha imaginação — compenetrada pela realidade de violência e maldade — vou procurar dar-me conta da vulnerabilidade da raça humana no abuso de sua liberdade, chegando a atos brutais de malícia e morte, merecedores de condenação. São frutos da maldade que tem raiz, também, no meu interior: “Não é o que entra pela boca que mancha o ser humano, mas o que sai dele. Isto mancha o ser humano” (Mt 15,11).

As pessoas, diante de tais crimes, comentam: “Isto merece prisão perpétua… merece até pena de morte!”. É a indignação diante do crime manifesto!

E o meu pecado? Merece condenação? Seja ele oculto ou manifesto aos olhos dos outros? — Sim! Mas, consciente do meu ser pecador, volto-me ao meu boníssimo Criador e Redentor. Ele se fez homem e veio a morrer pelos meus pecados, embora eu merecesse, pelas minhas próprias más escolhas, estar definitivamente afastado(a) dele!

Coloco-me, enfim, diante da Cruz e contemplo o meu Senhor nela suspenso. Oro… Suplico que o seu sangue me lave… Que eu acredite nos braços abertos de Jesus, o sinal extremo da misericórdia e da acolhida de todo(a) e qualquer pecador(a) arrependido(a). Procuro sentir e saborear o seu amor misericordioso… Pergunto-me então: “O que fiz por Cristo? O que faço por Cristo? O que devo fazer por Cristo?”.

Posso ajudar-me repetindo alguns versículos do Salmo: “Tem piedade de mim, segundo a tua bondade… Reconheço a minha iniquidade… Só contra ti pequei… Fiz o mal diante dos teus olhos…” (Sl 51[50],3.5-7).

Vou concluindo, procurando sentir-me acolhido(a) na misericórdia do Senhor. Ele continua Amigo, apesar de todas as loucuras do meu vulnerável coração. Rezo o Pai-nosso. Depois, logo que tiver uma pausa, anoto, brevemente, o que me parecer mais importante: palavras ou frases que me tocaram; sentimentos mais fortes; apelos e inspirações de Deus em relação à minha vida.

Finalizo entregando o meu coração ao Coração amoroso e misericordioso de Jesus! Rezo Alma de Cristo.

Posso dar continuidade a esse exercício com os seguintes textos: 2 Samuel 11,12-13; Lucas 16,19-31; Gênesis 4,1-16.

Texto retirado do livro Cristo "Mais conhecer, para mais amar e servir!" - Edições Loyola - 2010
Autores: Maria Fátima Maldaner, SND / Pe. R. Paiva, SJ