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Cartas de itaici


Primeira Semana: Etapa de Conversão - Ainda a Arte de Examinar-se (EE 43)

Quando nos examinarmos diante do nosso Pai, como propõe Inácio, não deixemos de encarar que o pecado nos ronda e tem raízes profundas em nós. Diariamente o Pai nos chama, o seu Espírito sopra em nós, o Mestre Jesus quer a nossa companhia! Diariamente, também, somos tentados a pecar. Parece haver “em nós, três pensamentos: o meu próprio, que provém, simplesmente, de minha liberdade e meu querer; e outros dois que vêm de fora: um do bom e outro do mau espírito”. Este “outro” é a tentação.

Mas “há dois modos de merecer por ocasião do mau pensamento que vem de fora: 1º Vem-me um pensamento de cometer pecado mortal. Resisto prontamente e ele fica vencido; 2º O mau pensamento vem e eu lhe resisto. Volta a vir uma e outra vez. E eu sempre lhe resisto até que ele fique vencido. Este 2º modo é mais meritório que o 1º” (EE 33). Se eu decidir, porém, pôr em prática o que me insinua o mau pensamento, vou me aprofundar no pecado. Se chegar a pôr em prática, vou me ver em pior situação!

Como estar atento ao que leva ao pecado e afasta de Deus? Inácio sugere dois pontos, depois do primeiro passo, que é dar graças a Deus pelos benefícios recebidos desde o dia anterior: “2º Pedir graças para conhecer os pecados e rejeitá-los; 3º Pedir contas a si mesmo, repassando o período desde o momento do exame anterior até o momento presente, hora por hora, ou período por período…”. Este cuidado ajuda o cristão a questionar-se a si mesmo. Sugerimos algumas questões importantes, que você poderá usar como sentir mais conveniente.

• Estou sendo mais e mais dirigido(a) pelo Espírito de Cristo e do seu Evangelho?
• Estou aberto(a) a percebê-lo nas outras pessoas, como dons, apelos e desafios seus para mim? Amados por Ele, sobretudo quando extraviados, pecadores, inimigos?
• De que me modo fui sinal da Sua Presença? Como reagi aos acontecimentos, às notícias?
• Estive isolado(a), desencorajado(a), necessitado(a), mau(má)?
• Tornei-me mais consciente da obra de Deus na Igreja, no meu país e na minha gente, nos outros países do mundo?
• De que área do meu ser Jesus ainda não é o Senhor?

Nestes dois passos, esforço-me por me manter junto d’Ele, o único a poder revelar-me o meu estado de pecador(a), minhas desordens e os disfarçados laços e redes do Inimigo de todo o bem. E Ele sempre o fará no seu Espírito, “Amor-amor”.


E  X  E  R  C  Í  C  I  O  :
“Bendigo o Senhor que me aconselha, mesmo à noite minha consciência me adverte”(Sl 16,7; EE 43)

Deixo-me introduzir. Assumo uma posição que me ajude. Meus olhos podem se fechar levemente, fixar-se num só ponto, por exemplo: no horizonte, pela janela do ônibus, numa imagem… Deixo-me pacificar: corpo, mente, espírito. Com os olhos da imaginação, vejo alguém vindo ao meu encontro: Jesus… Ele me convida, a esta altura do dia, a entrar num processo de maior conversão. É dom e exigência do meu Batismo mergulhar na vida de Cristo. Para isso, preciso trabalhar com Ele para que a raiz do mal, que está em mim, não possa se desenvolver e dar frutos venenosos, ervas daninhas… Inicio a oração do exame (EE 43), passo a passo, sem pressa, querendo sentir e saborear o que Deus me dá fazer:

1º “Dar graças”: não cesso de agradecer (1Cor 1,4-9). Empenho-me em recordar os benefícios recebidos neste último dia. Ele é o Deus Fiel, que me acompanha e está comigo.

2º “Pedir a graça” de me reconhecer pecador(a). Pedir luz, a luz d’Ele para dar-me conta até mesmo das “faltas ocultas”: “Quem pode discernir os próprios erros? Purifica-me das faltas ocultas” (Sl 19,13). Não é verdade que também eu tenho mais facilidade em ver o cisco no olho do irmão do que a trave no meu (Mt 7,3)?

3º “Exigir contas a mim mesmo”, “que o próprio Senhor me repreenda!” (Jd v. 9). Empenho-me em percorrer as horas do meu dia, desde o exame do dia anterior até agora… Examino as minhas atitudes básicas diante de pessoas, fatos, notícias… Tive atitudes que denotam fechamento, incapacidade de perdão, falta de discernimento, ressentimentos, mágoas, juízos sobre as pessoas conforme simpatias e antipatias, negações de um verdadeiro amor, omissões diante do sofrimento de alguém, de uma classe, de um povo?

Qual a raiz destas atitudes:

• A tendência hedonista: busca desordenada do prazer, comodismo, impureza, gula?
• A tendência agressiva: ira, soberba, inveja, desejo de dominação ou poder?
• A tendência temerosa: covardia, falsa prudência, medo de arriscar?
• Enfim, em que ponto sinto que preciso mudar?

4º “Pedir perdão”: com sinceridade, olhos nos olhos dele, assumo os meus pecados, faltas e desordens. Voltando-me para Ele, peço perdão. Entrego-me sempre de novo. Quem sabe cantarei com o Povo de Deus: “Eu confio em Nosso Senhor, com fé, esperança e amor!”.

5º Procuro, com a graça d’Ele, fazer propósito de emenda e correção.

Concluo com o Pai-nosso. Não esquecerei, depois, de anotar o que for mais conveniente. De anotação em anotação (breves!) irei percebendo uma linha, um “fio de ouro”, por onde me orienta o Espírito, pelo Cristo, para o nosso Pai!

Texto retirado do livro Cristo "Mais conhecer, para mais amar e servir!" - Edições Loyola - 2010
Autores: Maria Fátima Maldaner, SND / Pe. R. Paiva, SJ