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Cartas de itaici


Receita Para Fazer Perfume: A Oração de “resumo” (EE 64)

É preciso colher as flores, macerá-las cuidadosamente, deixá-las repousar na sombra, e muitos outros cuidados, até extrair a sua essência odorífera e, então, criar o perfume, que, num bonito vidro, vai, discretamente, melhorar um cantinho festivo do mundo.

Assim Inácio nos ajuda a fazer na Primeira Semana dos Exercícios. Primeiro, há que rezar a vida, colher o que a misericórdia nos deu. Depois repetir, para colher a essência. Agora vem a oração de resumo.

Na oração de resumo, somos estimulados a demorar um pouco mais no tema proposto, para que aproveitemos a sua riqueza, tendo uma visão de conjunto. Sem nos deixarmos distrair facilmente, vamos considerando o processo do pecado, o seu falso poder exercido nas nossas vidas e a contínua misericórdia de Deus. Quem faz bem a oração de resumo compreende a sua vida como uma “história da salvação”. Faltas, mesquinharias, até mesmo crimes e delitos, todo este lixo se torna, diante da misericórdia do Senhor, um “adubo” que faz brotar “flores”, pelas quais se chega ao “bom perfume de Cristo” (2Cor 2,15).

Como fazer a oração de resumo? Muito fácil! Pacifico-me e entro na oração como de costume: o gesto de acatamento e reverência, a oração preparatória, a composição de lugar, o pedido da graça (isto é, os preâmbulos). Então, diz Inácio, “percorra cuidadosamente o que recorda das coisas contempladas nos exercícios anteriores, fazendo os mesmos três colóquios” (EE 64).

Recordo, diante dos olhos bons e iluminadores de Jesus Salvador, o que o meu coração guardou e também o que anotei no exame da oração, insistindo nos mesmos pedidos junto a Nossa Senhora, ao Filho e ao Pai, na força suave do Espírito. Pedirei humildemente a graça de Cristo para que “eu sinta: conhecimento interno do meu pecado; a desordem das minhas operações, para que, detestando-a, corrija-me e ponha-me em ordem; conhecimento do mundo, para que, detestando-o, eu afaste de mim suas vaidades e futilidades” (EE 63).

Se quero a ajuda das Escrituras nesta maneira de orar, compreendendo melhor o processo do pecado e a história da salvação, certos textos podem me valer. Por exemplo: se rezo o episódio da adúltera perdoada, posso perceber como fui deixando-me tomar por um desgosto do bem. Como fui sendo seduzido por uma ilusão de vida “fácil”. Como cheguei a fazer o Esposo de minha humanidade esperar-me. Como o ignorei e como ele foi fiel, enquanto eu era infiel. Fugi dele, e Ele sempre me esperou e procurou. Tudo se trata, em resumo, de uma “fuga” e de uma “volta” feliz! Graças ao dom do arrependimento e da conversão, estou pronto para ir adiante no trabalho e no serviço por amor!

“Senhor, que queres que eu faça?Senhor que queres de mim?”

|| E  X  E  R  C  Í  C  I  O  ||

“Eles abandonaram a Javé para se entregarem à prostituição”(Os 4,10)
Preparo-me como de costume, com um gesto de reverência e afeto, e com algum pequeno exercício de pacificação, sem nunca omitir a oração preparatória: “Senhor, que todos os meus desejos, as melhores aspirações do meu coração, tudo o que faço seja puramente ordenado ao seu serviço e ao seu louvor!”.

Releio João 8,11. Procuro fixar o rosto calmo e o olhar sereno, luminoso de Jesus. Peço a graça de que mais preciso para converter-me a esta altura da vida.

Inicio o exercício da oração de resumo recordando o que me foi revelado sobre a história e a realidade do pecado e da misericórdia. O que Deus gravou no meu coração? Então, irei lendo à sua Luz! Rezarei o que esta recordação me sugerir, com pedidos e louvores…

Deixo-me, em seguida, iluminar pelo Antigo Testamento. Os Profetas condenam os pecados do Povo da Aliança como um “adultério”. A Aliança de Deus com o Povo é um casamento indissolúvel: “Eu te desposarei para sempre, conforme a justiça e o direito, com benevolência e ternura (Os 2,21)… “Pois o teu Esposo é o teu Criador, o Senhor dos Exércitos, teu Redentor é o Santo de Israel” (Is 54,5).

Pedirei ao Senhor que me revele a história das minhas traições e infidelidades, dos meus esquecimentos e indiferenças… Enfim, de tudo o que em mim resistiu ao seu amor fiel, sempre fiel!

Jesus usa essas mesmas imagens proféticas no Evangelho do Reino. Por isso, faço-me presente lá, onde a adúltera é cercada pelos que querem a sua morte. Procuro ver como aquela mulher representa a humanidade, a nossa humanidade, tentada, seduzida e condenada! Pedirei a graça de perceber-me em adultério para com Deus pelas minhas faltas de justiça, santidade, bondade… Pela omissão, pelo desinteresse, pela autodefesa, pelo egoísmo… Procurarei ver as mãos de Jesus escrevendo na areia palavras capazes de fazer cair aquelas pedras das mãos dos que adulteram contra seu Deus, amante da misericórdia e da justiça.

São Tiago comenta: “Adúlteros! Vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus?” (Tg 4,4). Reflito sobre a minha própria realidade para tirar algum proveito. Rezo o que meu coração me disser.

Terminando, vou concentrar a oração nos três colóquios (EE 63): a Nossa Senhora, a fim de que me alcance graça do seu Filho em três coisas: 1º Que eu sinta conhecimento interno dos meus pecados e da minha infidelidade, para detestá-los; 2º Que eu sinta a desordem dos meus atos, desejos, afetos, para detestá-los e corrigi-los, pondo-me em ordem; 3º Que eu tenha conhecimento do mundo para afastar de mim as suas vaidades e os seus enganos. Rezarei, então, a Ave-Maria. Do mesmo modo, falarei ao Filho e rezarei Alma de Cristo. Finalmente, ao Pai, concluindo com o Pai-nosso. Amém!

Farei o exame da oração, notando e anotando o mais importante para que não se perca.

Texto retirado do livro Cristo "Mais conhecer, para mais amar e servir!" - Edições Loyola - 2010
Autores: Maria Fátima Maldaner, SND / Pe. R. Paiva, SJ